Um dos principais fatores de uma cirurgia é saber entender os principais fatores de origem sistêmica e local que comprometem a osseointegração e evidenciar as causas que afetam sua estabilidade e longevidade dos tratamentos dentários.
Aqui listaremos alguns fatores sistêmicos que influenciam na estabilidade do implante e quais comprometimentos devemos levar em consideração na triagem do paciente:
Diabetes Mellitus: Os pacientes acometidos por diabetes têm maior tendência a desenvolverem infecções, pois a microcirculação vascular e as atividades imunológicas e inflamatórias estão comprometidas. Outros fatores que influenciam de maneira negativa no processo de cicatrização do osso é o aumento da taxa de glicose no sangue que irá influenciar alterações no metabolismo ósseo, consequentemente diminuindo sua densidade mineral e comprometendo a formação e qualidade de sua microarquitetura, influenciando diretamente a osseointegração.
Doença periodontal: A durabilidade de um elemento dentário está ligado diretamente a saúde periodontal. Peri-implantite foi definida como uma condição patológica associada à placa, que ocorre no tecido ao redor dos implantes dentários, caracterizada por inflamação na mucosa peri-implantar e subsequente perda progressiva do osso de suporte. Geralmente, essa doença é precedida por uma mucosite, pois está associada ao controle deficiente da placa e em pacientes com histórico de periodontite grave.
Existem fortes evidências de que há um risco aumentado de peri-implantite em pacientes com histórico de periodontite, controle de placa deficiente e nenhum cuidado de manutenção regular após a terapia com implantes. Todos esses indicadores estão relacionados com o biofilme ou a doença periodontal propriamente dita. Assim, quando se faz um planejamento para colocação de implantes dentários, é imprescindível dar atenção maior aos “pacientes periodontais”.
Osteoporose: A osteoporose trata-se de um distúrbio esquelético de origem sistêmica, definida por perda de massa óssea e degradação da microarquitetura do tecido ósseo, desta forma o osso tem a tendência de desenvolver maior fragilidade. Segundo os autores a formação de um osso novo em volta de toda a superfície do implante depende diretamente de uma população estabilizada de osteoclastos e osteoblastos e qualquer indício de desequilíbrio nessa parceria celular pode alterar a quantidade e a qualidade que o osso venha a apresentar, acarretando um baixo índice de massa óssea. Assim, é necessário o conhecimento dos critérios de sucesso em implantodontia que incluem: implante imóvel ao teste individual, ausência de radioluscência periimplantar, perda óssea vertical não maior que 0,2mm ao ano, ausência de dor, desconforto ou infecção persistente, o desenho do implante não deve impedir a instalação da coroa protética e a longevidade do implante deve apresentar uma taxa de sucesso mínima de 85% em 5 anos e de 80% ao final de 10 anos.
Para os fatores locais, temos várias complicações que influenciam na qualidade e na longevidade dos tratamentos:
Tabagismo- O hábito de fumar é reconhecido como um fator de risco para a osseointegração, pois a nicotina causa vasoconstrição periférica, o que reduz a disponibilidade de oxigênio no organismo. Esse efeito compromete a mobilidade de osteoblastos e fibroblastos, atrasa a regeneração do alvéolo, diminui a formação de novos vasos sanguíneos (angiogênese) e dificulta a integração de enxertos ósseos, resultando em um processo de cicatrização óssea mais lento. O hábito de fumar acaba reduzindo a eficiência de tratamentos periodontais e precisa ser considerado como uma provável contraindicação para aspectos avançados de terapia, tal como reabilitação tecidual e implantes. Os autores também evidenciaram que em um período estipulado de dez anos, a perda óssea é duas vezes mais rápida em fumantes, ainda que tenha sido realizado um ótimo controle de placa bacteriana.
Bisfosfonato:
O bisfosfonato é um fármaco que atua ligando-se aos cristais de hidroxiapatita onde permanece por anos na matriz óssea mineralizada. Esse medicamento tem habilidades de bloquear a diferenciação e a atividade osteoclástica resultando em seu apoptose, evitando que ocorra perda de massa óssea, além de também possuir características anti- angiogênicas, que correspondem a substâncias que impedem a atuação dos fatores de desenvolvimento vascular, diminuindo a formação e multiplicação de novos vasos sanguíneos.
Bifosfonato são fármacos utilizados para tratamento de várias doenças ósseas, tais como osteoporose, neoplasias malignas com metástase óssea, hipercalcemia maligna e mieloma múltiplo. Bifosfonato são medicamentos que alteram o metabolismo ósseo, aumentam a massa óssea e diminuem o risco de fratura, atuando principalmente sobre os osteoclastos, inibindo seu desenvolvimento desde suas células precursoras, aumentando sua taxa de apoptose, estimulando seus fatores de inibição e reduzindo sua atividade. Existem debates que implicam a instalação de implantes dentários em pacientes que fazem o uso de bifosfonato, dependendo principalmente da via de administração, via oral ou endovenosa e o tempo de uso do fármaco
Fatores Sistêmicos que Podem Comprometer uma Cirurgia de Implante Dentário
A cirurgia de implante dentário é um dos procedimentos mais realizados na odontologia moderna, promovendo reabilitação funcional e estética de maneira eficaz. No entanto, para garantir o sucesso e a longevidade desse tratamento, é essencial que o cirurgião-dentista avalie cuidadosamente a saúde geral do paciente. Fatores sistêmicos e locais podem influenciar diretamente a osseointegração, impactando a estabilidade e o tempo de vida útil do implante.
Neste artigo, vamos destacar alguns dos principais comprometimentos sistêmicos e locais que precisam ser levados em consideração no planejamento cirúrgico. Acompanhe!



