Confira a entrevista com o Dr. Eduardo Rocha, especialista mestre e doutor em prótese dentária, clínico atuante e professor universitário, atuando na área há cerca de 23 anos.
Ele respondeu a algumas perguntas de profissionais interessados na especialidade de prótese dentária. Confira!
Qual o papel do protesista na odontologia?
O papel do protesista na odontologia, especialmente na época em que estamos vivendo, é extremamente relevante e útil para a saúde bucal dos pacientes. Nós temos a possibilidade de não apenas restaurar as funções, mas também restabelecer a estética, devolvendo a autoestima para os pacientes. E sempre de uma maneira muito pertinente à reprodução da estrutura natural que foi modificada ou perdida por diferentes aspectos que fundamentam a reabilitação.
Isso traduz a grande evolução que a prótese dentária vem sofrendo nas últimas décadas. Hoje o protesista pode atuar de forma clínica com eficiência técnica, associada a inúmeras possibilidades de trabalhos e de protocolos com diferenciação tecnológica. Assim, alcança uma satisfação muito grande tanto pelo paciente, como pelo próprio clínico, que executa um trabalho diferenciado.
O que é preciso para se tornar um protesista excepcional?
Para se tornar um especialista em prótese dentária é necessário frequentar um curso de especialização com carga horária mínima balizada pela legislação vigente, autorizado pelo Conselho Federal de Odontologia e que possibilite vivência de rotinas que hoje ultrapassam os limites da própria prótese dentária.
O curso deve ampliar os conhecimentos em todas as áreas relacionadas à prótese dentária – desde as possibilidades de prótese que podem ser confeccionados até as áreas afins, que fundamentam o diagnóstico e permitem ao clínico um planejamento mais abrangente para resultados melhores não apenas em relação a aspectos funcionais, mas também relacionadas à estética.
Por que escolheu esta área de atuação?
A minha decisão pela prótese dentária aconteceu ainda durante a graduação. A área sempre me agradou, não apenas pela possibilidade de reabilitar pacientes, mas também porque me dava a oportunidade de reavaliar todas as condutas a qualquer momento, no sentido de redirecionar a atenção para o alcance de resultados de excelência.
O domínio e o controle da previsibilidade final do caso foi um fator decisivo para que eu escolhesse a prótese dentária como especialidade. É extremamente prazeroso você reabilitar um paciente e devolver a ele as condições ideais para realização das diferentes funções, como mastigação, fala, deglutição, além de aspectos estéticos que dão mais satisfação, devolvem a autoestima e reinserem o paciente na sua rotina de vida, no seu convívio familiar e social.
Qual a importância dessa especialidade na vida dos pacientes?
A importância da prótese dentária na vida dos pacientes é extremamente relevante e um aspecto a ser discutido com bastante pertinência, sem desmerecer obviamente a importância de nenhuma outra área. Todas são importantes para o restabelecimento da saúde bucal.
A prótese dentária atua como o último estágio. O paciente se submete a uma série de rotinas e procedimentos, resolvendo questões nas diversas áreas da odontologia, mas é na prótese que ele entra em contato com o resultado final, com a devolução de dentes e de tecidos que vão devolver aspectos mais próximos ou semelhantes ao padrão normal. Isso é sempre gera muita satisfação ao paciente e muita gratidão pelo empenho da equipe para alcançar um resultado de excelência.
Hoje, diante da versatilidade de opções que temos na reconstrução de dentes e na reabilitação com implantes, prótese dentária permite que o paciente não apenas reponha os dentes ausentes, mas que tenha a clara sensação de que ele está recebendo dentes, como uma consequência de tudo que ele investiu de tempo, recursos e disponibilidade. É algo imensurável e impossível de se estabelecer um valor monetário. A satisfação é evidente e ultrapassa as barreiras do entendimento humano simples.
Como reconhecer um bom profissional?
Um bom profissional, seja de que especialidade for, é reconhecido por alguns aspectos que estão presentes em todos os bons profissionais das diferentes áreas: senso de responsabilidade, senso de organização, interesse, dinamismo e capacidade de se reorganizar diante das situações adversas.
O clínico de excelência é aquele que tem conhecimento, dinamismo e habilidade, mas que, a despeito de todas as variáveis de caráter técnico que possa dominar, tem a capacidade de estabelecer um diagnóstico com precisão e estabelecer propostas de tratamento. Qualquer tratamento fundamentado no diagnóstico e executado dentro de uma rotina como esta será um tratamento bem sucedido. Este é um bom profissional.
Hoje, olhando para trás, acha que valeu a pena ter escolhido essa área?
Sem sombra de dúvida. Quanto mais o tempo passa, mais tenho certeza de que a escolha feita no passado foi acertada. Especialmente para nós que vivenciamos duas ou mais décadas de formação e temos a possibilidade de viver duas realidades no contexto da prótese dentária em função da evolução tecnológica, da rediscussão de protocolos de trabalho e da possibilidade de realizar a mesma atividade clínica de maneira mais rápida.
Há duas décadas era mais desafiador reabilitar pacientes, por uma série de fatores. Hoje é mais previsível, pois a tecnologia evoluiu, assim como as parcerias com laboratórios de próteses cada vez mais competentes e mais aptos a reabilitar com rapidez e com previsibilidade de sucesso.
Quais são as dificuldades no meio do caminho?
As dificuldades experimentadas pelo especialista em prótese dentária são comuns às diferentes especialidades da odontologia. Temos períodos em que as ações químicas parecem se desenvolver com mais facilidade, mas há os períodos de transição, com novas tecnologias que exigem um novo aprendizado, o que vai obviamente demandar paciência, foco e dedicação para colher os mesmos resultados ou resultados ainda melhores em comparação ao que fazia no momento anterior.
O que eu diria é que diante de qualquer dificuldade é preciso ter equilíbrio emocional para compreender a realidade que se apresenta e fazer os ajustes necessários para que você possa conduzir a prática da especialidade com a mesma previsibilidade de resultados.
E, acima de tudo, compreender que o mundo não é estático, que as verdades são temporais e que nossa ação no momento seguinte deve ser diferente do que a gente praticava no momento anterior. A maior tranquilidade virá dessa compreensão. A certeza de que o que fazemos hoje provavelmente não será o que estaremos fazendo daqui alguns anos, nos dará a devida postura para enfrentarmos desafios nas mudanças de rotinas e nos desafios e dificuldades que serão impostas pela própria vida, nos diferentes aspectos fora da odontologia.
É uma área com muitas oportunidades de trabalho?
Sim, a prótese dentária, é uma área absolutamente ampla e necessária para qualquer rotina clínica em odontologia. Se você está na implantodontia, no final precisará de um protesista. Na periodontia também. A prótese está inserida em todo o contexto que envolve a reconstrução dentária ou ósseo mucosa de qualquer paciente.
Por esta razão, o campo de atuação é muito amplo. Temos as clínicas particulares e a possibilidade de atuar em hospitais, mais próximos das próteses bucomaxilofaciais. É uma área que permite ao profissional a aproximação com outras áreas em função do estilo e da demanda de trabalho.
Um protesista pode se aproximar do grupo cirúrgico para redirecionar e rediscutir aspectos relacionados à estruturação de base para prótese dentária, por exemplo. E é um mercado ávido por profissionais que tenham conhecimento e que saibam atuar em toda a extensão e plenitude que a prótese dentária pode conferir a um clínico atuante nessa especialidade.
O que você tem a dizer para um profissional em formação sobre essa área de atuação?
Para você que é recém formado, recomendaria em um primeiro momento muita paciência. É preciso tempo para refletir sobre a melhor especialidade a seguir e a vivência clínica depois de formado será fundamental para que o profissional possa escolher a especialidade.
Vivencie a experiência de diferentes especialidades, reconheça se de fato você tem afinidade por aquela que você tinha mais atenção durante a graduação. Muitos profissionais que vêm fazer o curso de especialização não tinham a prótese dentária como primeira escolha, mas na vivência do consultório se descobriram apaixonados pela área, porque atinge o objetivo imediato de um paciente com problemas funcionais ou estéticos. E é uma maneira direta de se satisfazer na prática da odontologia.
Meu segundo conselho é dedicação. Busque continuamente o aprendizado e o aperfeiçoamento na área de escolha, compreenda que o que você está aprendendo hoje não será necessariamente o que você irá praticar em alguns anos e que você terá sempre uma nova realidade a descobrir, dominar e praticar.
Hoje os profissionais de diferentes especialidades atuam de forma combinada. Um protesista pode ser o seu próprio implantodontista, assim como um implantodontista pode se tornar o seu próprio protesista. Para isso é necessário dedicação, responsabilidade e, acima de tudo, muita capacidade de crítica. Busque a excelência dos resultados continuamente, sempre visando alcançar a expectativa e os desejos do paciente. Isso fará diferença no contexto final da sua prática na clínica odontológica. Esta foi a entrevista realizada com o EDUARDO PASSOS ROCHA – CRO 10642-DF
Especialista em Prótese Dentária – CROSP;
Mestre e Doutor em Clínica Odontológica/Prótese Dental – FOP-UNICAMP;
Docente pela Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP;
Professor Associado do Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese, UNESP – Araçatuba.