Fluorose Dentária: Entenda de uma vez por todas

Fluorose Dentária

Explicando de forma simplificada, a Fluorose Dentária é uma alteração no esmalte dos dentes causada pelo excesso de flúor ingerido durante a formação dos dentes – em especial até os 8 anos de idade.

O uso correto de flúor é benéfico na prevenção da cárie dentária, porém, quando usado em excesso tem grande influência num possível mau desenvolvimento normal do esmalte dental.   

Os aspectos clínicos da fluorose dentária são caracterizados por um espectro de mudanças que vão desde linhas opacas brancas finas cruzando transversalmente o longo eixo da coroa do dente até quadros onde áreas do esmalte gravemente hipomineralizadas se rompem e, geralmente, o esmalte restante fica pigmentado. A pigmentação é pós-eruptiva, por causa da maior porosidade do esmalte fluorótico, mas essa maior permeabilidade não tem nenhuma relação com aumento de risco de cárie.

O período de formação dos dentes decíduos é diferente da formação dos dentes permanentes. A fluorose tem uma maior prevalência em pontas de esmalte. 

Isso tem ligado um alarme na população, que por motivos óbvios se preocupa com a sua saúde bucal. Diante disso, o número de questionamentos acerca do uso do flúor em procedimentos dentários tem aumentado de forma gradativa, tornando-se um vilão invisível na vida de todos os dentistas, pois se infiltrou de forma não assistida pela área, mas combatê-lo será nossa missão neste artigo. 

 

Por isso, hoje, o Instituto Aria irá esclarecer algumas dúvidas acerca do uso dos fluoretos, seu uso cultural, medicamentoso, além dos riscos e benefícios.

 

Diferenciação entre flúor e fluoreto

O primeiro ponto a ser esclarecido é: os dentistas não utilizam flúor (F2), pois ele é amplamente reconhecido como o mais eletronegativo dos elementos químicos, sendo um gás altamente tóxico. E sim, usamos sais de flúor na Odontologia, mas fazendo o uso do íon flúor (F- )  – fluoreto –  sua forma química biologicamente ativa.

ATENÇÃO: Quem se recusa a fazer a diferenciação tem um objetivo em comum, gerar pânico por meio da desinformação.

Segundo Jaime Cury, renomado cirurgião-dentista e pesquisador brasileiro, amplamente reconhecido por suas contribuições significativas à odontologia, especialmente no campo da cariologia e do uso de fluoretos na prevenção de cáries dentárias, o flúor não é estranho ao organismo. Seja na forma de seus sais ou íon F-, o flúor está espalhado pela natureza, podendo ser encontrado no solo, nas folhas do chá preto (Camellia sinensis), e também na água. No caso do chá, o fluoreto se concentra naturalmente de tal forma que bebemos uma xícara de chá feita com água fluoretada. Para medida de comparação, 80% do fluoreto consumido será proveniente do chá e apenas 20% de água.

Conhecidos globalmente por seu estilo de vida que preza pelo bem-estar e longevidade, o consumo frequente dos chás tem origem milenar em culturas orientais e foi adaptado às culturas ocidentais sem risco para saúde, fato ignorado por todos os que divulgam notícias enganosas acerca do fluoreto, sendo também divulgado por profissionais de forma errônea. 

 

Uso do Flúor em medicamentos:

Fato ignorado por aqueles que fazem pânico com assuntos sérios, o flúor é facilmente encontrado na produção de medicamentos e fármacos mais eficazes como:

  • Na molécula do anti-inflamatório Dexametasona;
  • No antidepressivo Fluoxetina (Prozac);
  • No colírio Fluorometalona (Flutinol).

Nesses medicamentos, o flúor está ligado ao carbono e não circula no sangue como íon flúor, portanto, não há proximidade entre os sais de fluoreto usados na Odontologia e o efeito do flúor destes e outros medicamentos, como tem sido erroneamente difundido com o objetivo central de causar pânico e desinformação.

 

Uso do flúor no Brasil

Os fluoretos  – forma iônica do flúor  – se destaca como um dos principais responsáveis pelo declínio histórico da cárie dentária no nosso país e em diversos países ao redor do globo. Além da redução da prevalência da cárie, o Fluoreto reduz a velocidade de progressão de novas lesões. A múltipla exposição aos fluoretos implica num maior risco de desenvolvimento da fluorose dentária nos seus diferentes graus. Portanto, é requerido a adoção de práticas de uso seguro, consciente e parcimonioso com recomendações e orientações do seu dentista.

Contudo, sendo a Fluprapatita um mineral menos solúvel, ela tem maior tendência de se precipitar no esmalte e dentina do que a Hidroxiapatita durante os fenômenos de desmineralização e remineralização. Desta forma, mesmo com a queda de pH gerada no biofilme dental pela exposição aos carboidratos favorece a dissolução de HA, havendo íon flúor presente no meio ambiente bucal (fluido do biofilme dental, saliva) a fluorapatita ainda terá a tendência de se precipitar.

Consequentemente, numa certa faixa de pH bucal, haverá dissolução de HA e, concomitante, precipitação de Fluorapatita, contrabalanceando a perda mineral líquida da estrutura dental e, consequentemente, retardando o desenvolvimento de lesões de cárie. Assim, 5,5 deve ser considerado o pH crítico para o esmalte de um indivíduo ou mecanismo de ação  da população não exposta diariamente a nenhuma das formas de fluoretos.

Quando exposto ao Fluoreto , o pH crítico cai para 4,5 e, assim, entre esse valor e 5,5, ao mesmo tempo em que o dente perde minerais na forma de hidroxiapatita , uma certa quantidade dos íons cálcios e fosfatos dissolvidos retornam ao dente na forma de Fluorapatita  esse é um dos principais mecanismos de ação na prevenção da cárie. Com isso, a fluoretação das águas de abastecimento público é elemento essencial da estratégia de promoção da saúde, eixo norteador da Política Nacional de Saúde Bucal.

 

Como indicar o uso de flúor aos seus pacientes

Uma das maneiras de entender o porquê fazer o uso e indicar para o paciente é extremamente importante, pois assim compreendemos o mecanismo de ação do flúor.

Como já sabemos, os minerais da estrutura do esmalte e dentina são dissolvidos por ácidos devido aos acúmulos bacterianos, o mineral fluorapatita (FA) é menos solúvel do que a hidroxiapatita (HA).

Diante disso, numa certa faixa de pH, haverá dissolução de HA e, concomitante, precipitação de FA, contrabalanceando a perda mineral líquida da estrutura dental, retardando o desenvolvimento de lesões de cárie.

Portanto, 5,5 deve ser considerado o pH crítico para o esmalte de um indivíduo ou população não exposta diariamente a nenhuma das formas de fluoretos. Quando exposto ao F, o pH crítico cai para 4,5 e, assim, entre esse valor e 5,5, ao mesmo tempo em que o dente perde minerais na forma de hidroxiapatita, uma certa quantidade dos íons cálcios e fosfatos dissolvidos retornam ao dente na forma de Fluoterapia. 

 

Dentifrício fluoretado

Sua utilização tem sido considerada responsável pela diminuição nos índices de cárie observados hoje em todo mundo, mesmo em países ou regiões que não possuem água fluoretada.

Dois tipos de compostos fluoretados são comumente utilizados nos dentifrícios: fluoreto de sódio (NaF) ou monofluorfosfato de sódio (MFP, Na2 PO3 F). Independentemente do composto utilizado, a ação na cavidade bucal será a mesma, pois ambos liberam o íon fluoreto na cavidade bucal, o primeiro por ionização quando em contato com água e o MFP pela ação de enzimas chamadas fosfatases, que estão presentes na cavidade bucal.

Toda a população, em especial crianças menores de nove anos de idade, deve usar em pequenas quantidades (cerca de 0,3 gramas, equivalente a um grão de arroz), devido ao risco de fluorose dentária. Dentifrícios com baixa concentração de fluoretos ou não fluoretados não são recomendados. Devemos tomar cuidado principalmente com as crianças em idade pré-escolar, na fase de desenvolvimento do esmalte dentário dos dentes permanentes, apresentam risco para o desenvolvimento de fluorose dentária. 

 

Classificação da fluorose 

É um índice muito utilizado, inclusive na OMS.

Normal 0 Esmalte superficial liso,brilhante e geralmente de cor branca bege pálida.
Questionável  1 O esmalte apresenta leves alterações na translucidez de  esmalte normal, que podem variar desde pequenos traços esbranquiçados até manchas ocasionais.
Muito leve 2 Áreas pequenas e opacas e dispersas irregularmente sobre o dente mas envolvendo menos de 25% da superfície dentária vestibular.
leve  3 Opacidade branca do esmalte mais extensa do que para o código 2 
Moderado 4 Superfície de esmalte apresentando desgaste acentuado e manchas marrons frequentemente alterando a anatomia do dente 
Severo  5 Superfície do esmalte muito afetada. Existem áreas com fóssulas ou desgastes e manchas marrons espalhadas por toda parte; os dentes frequentemente apresentam aparência corrosão.

 

Umas das formas de tratamento dessas opacidades demarcada podem ser tratadas com clareamento, microabrassão, e infiltração resinosa. Se você deseja aprimorar suas técnicas de atendimento  e oferecer o melhor cuidado, o instituto pode te ajudar! Temos cursos referências para melhorar seu desempenho clínico. 

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Referências Bibliográficas:

Cury JA. Cariologia e Fluoretos em Odontologia: Da Pediatria à Geriatria, Santos Pub, 2023 (in press)

Guia para recomendações de fluoretos 

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